quinta-feira, 16 de junho de 2011

Stéphane Mallarmé - Um "Brinde" & "Um Lance de Dados"



(18/3/1842-9/9/1898). Stéphane Mallarmé é um importante nome do simbolismo na poesia francesa. Influenciado por Charles Baudelaire, valoriza o artifício de inverter a sintaxe das frases para ressaltar a dificuldade como elemento principal.

Stéphane MallarméNasce em Paris e, em 1862, vai para Londres especializar-se em inglês. Volta a Paris um ano depois e funda, em 1874, a revista A Última Moda, na qual escreve sobre estética literária. Colabora no jornal Le Parnasse Contemporain, criando os poemas da primeira fase de sua carreira, influenciado por As Flores do Mal, de Baudelaire, editado na mesma época.

No Parnasse mostra poemas que se tornam famosos, como A Tarde de um Fauno, cuja inversão sintática atinge a incompreensão, na opinião de editores que se recusam a lançar a obra. Em 1897 publica na revista Cosmopolis o poema Um Lance de Dados Jamais Abolirá o Acaso, considerado seu trabalho mais importante, que ocupa o espaço de uma página dupla e é composto em caracteres e tamanho de letras diferentes, podendo ser lido de inúmeras formas simultaneamente. A obra é uma metáfora da consciência e suas dúvidas e indagações. Morre em Valvi.

BRINDE

Tradução: Augusto de Campos

Nada, esta espuma, virgem verso
A não designar mais que a copa;
Ao longe se afoga uma tropa
De sereias vária ao inverso.

Navegamos, ó meus fraternos
Amigos, eu já sobre a popa
Vós a proa em pompa que topa
A onda de raios e de invernos;

Uma embriaguez me faz arauto,
Sem medo ao jogo do mar alto,
Para erguer, de pé, este brinde

Solitude, recife, estrela
A não importa o que há no fim de
um branco afã de nossa vela.



SALUT

Rien, cette écume, vierge vers
À ne désigner que la coupe;
Telle loin se noie une troupe
De sirènes mainte à l'envers.

Nous naviguons, ô mes divers
Amis, moi déjà sur la poupe
Vous l'avant fastueux qui coupe
Le flot de foudres et d'hivers;

Une ivresse belle m'engage
Sans craindre même son tangage
De porter debout ce salut

Solitude, récif, étoile
À n'importe ce qui valut
Le blanc souci de notre toile.


UM LANCE DE DADOS


Em 1897 o poeta simbolista e jornalista francês Stéphane Mallarmé escreveu “Un Coup de Dés” (Um Lance de Dados), poema experimental desenvolvido em torno do mote “un coup de dés jamais n’abolira le hasard” (um lance de dados jamais abolirá o acaso). Publicado postumamente, em 1914, não é sua obra mais conhecida, mas é, certamente, a que provocou mais barulho. Sua estrutura inspirou gerações de poetas como Paulo Leminski, Chacal, Cummings… e você pode conhecê-lo pelos links abaixo.

Um Lance de Dados

um fragmento do poema traduzido para português:

http://eloprimitivo.blogspot.com/2005/05/um-lance-de-dados-jamais-abolir-o.html

Un Coup de Dés

na íntegra, em francês:

http://www.math.dartmouth.edu/~doyle/docs/coup/scan/coup.pdf


postado por Reinaldo "guaxe" Santana

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